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Acervo da Revista Kairos

Mensagens Oportunas de Convidados Honrados

Porque Saímos da Igreja Episcopal1

O Rev. John Yates é pastor e Os Guinness é um paroquiano da Igreja The Falls Church, uma das muitas igrejas da Virgínia que votaram, em 26 de dezembro de 2006, para cortar os laços com a Igreja Episcopal.

Quando até mesmo o funeral do presidente Gerald Ford na Catedral Nacional de Washington não está isento de comentários sobre a crise na Igreja Episcopal, cremos que seja hora de ajustar o relato corretamente com por que nossa igreja e muitas outras ao redor do país têm cortado laços com a denominação. Fundamental para um ponto de vista liberal de liberdade é o direito de uma pessoa ou grupo se autodefinir, falar por si próprio e não serem desumanizados pelas definições e distorções de outros. Exigimos este direito até daqueles que diferem de nós.

A questão central em por que saímos não é por causa da liderança feminina. Não é se trata dos “episcopais contra a igualdade” como colocou uma manchete de um artigo de opinião de um jornal recente, de autoria de Harold Meyerson. Não é um movimento “esquerdista” na igreja. Não é nem primeiramente ético – embora a ordenação de um praticante do homossexualismo como bispo tenha sido o ponto crítico que mostrou quão longe o repúdio pela ortodoxia Cristã havia ido.

A questão central para nós é teológica: integridade intelectual da fé no mundo moderno. É assim uma questão de fidelidade ao senhorio de Jesus, a quem adoramos e seguimos. A Igreja Episcopal Americana não crê mais na fé cristã histórica e ortodoxa comum a todos os crentes. Alguns líderes expressamente negam os artigos centrais da fé – dizendo que o teísmo tradicional está “morto”, a encarnação é “sem sentido”, a ressurreição de Jesus é ficção, a compreensão da cruz é uma “ideia bárbara”, a Bíblia é pura propaganda e assim por diante. Outros simplesmente recitam o credo como uma poesia ou com seus dedos cruzados.

Seria mais fácil fazer uma paródia do surrealismo no estilo “Alice no País das Maravilhas” dos líderes episcopais que abertamente negam a fé que tinham antes, celebrando o que os cristãos têm que firmar para resistir – e ainda permanecem como líderes. Mas isso é um assunto sério.

Primeiramente, o revisionismo Episcopal abandona a fidelidade da fé. As Escrituras hebraicas ligam as questões da verdade com um relacionamento com Deus. Falam da apostasia como adultério – uma forma de traição tão desleal quanto um marido enganando sua esposa.

Segundo, esse revisionismo nega a autoridade da fé. A doutrina “sola scriptura” (“apenas as Escrituras”) da Reforma da igreja foi abandonada pelo estilo “sola cultura” (“apenas a cultura”) da igreja moderna. Não mais sob autoridade, a Igreja Episcopal atualmente está ou sob sua própria autoridade ou a encontra nos ventos de mudança da moda intelectual ou social – o que quer dizer que não têm autoridade.

Terceiro, o revisionismo rompe a continuidade da fé. Desligando-se da fé universal que atravessa os séculos e os continentes, torna-se culturalmente cativa de uma cultura e um tempo. Enquanto professa tolerância e inclusão, certas atitudes episcopais com relação aos colegas crentes por todo o mundo, que perfazem a maioria da família anglicana, têm sido arrogantes e até racistas.

Quarto, o revisionismo destrói a credibilidade da fé. Há tão pouca coisa que seja distintamente cristã na teologia de alguns líderes episcopais, como o ex-bispo de Newark, que um cético poderia dizer, como Oscar Wilde disse para um clérigo de seu tempo: “Não somente o sigo, eu o precedo.” Não é acidentalmente que as igrejas ortodoxas estão crescendo e que quase todos os ilustres convertidos à fé cristã no século passado, como G. K. Chesterton e C. S. Lewis, foram atraídos para a ortodoxia “puro-sangue”, não para o revisionismo. O prospecto para a Igreja Episcopal, já evidente em muitas dioceses, está inevitavelmente minguando e em decadência.

Quinto, o revisionismo episcopal oblitera a própria identidade da fé. Quando as grandes verdades da Bíblia e dos credos são abandonadas e não há limite para o que pode ser aceito em seu lugar, então se atinge o ponto em que há pouca identidade cristã neste revisionismo. Que bom seria se os líderes episcopais demonstrassem o mesmo zelo pela sua fé que demonstram por suas propriedades. Se o atual declínio continuar, tudo o que restará de uma igreja antes forte será prédios vazios, que continuam pelas finanças, embora não pela fé de seus pais.

Esses são os escândalos pelos quais protestamos. Estas são as infidelidades que nos separam. Essas são as reais questões a serem debatidas. Continuamos sendo anglicanos, mas saímos da Igreja Episcopal porque ela primeiramente deixou a fé histórica. Como nossos antepassados espirituais da Reforma, “Aqui estamos. Que Deus nos ajude. Não podemos fazer outra coisa.”

Notas de Rodapé:
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Este artigo apareceu na edição de 08 de janeiro de 2007 do The Washington Post. Rev. John Yates e Os Guinness, “Why We Left the Episcopal Church”, The Washington Post, Monday, January 08, 2007, http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2007/01/07/AR2007010700982.html. (acessado em 8 de janeiro de 2007). Reimpresso com permissão dos autores. Tradução livre.