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Cristãos Olhando para o Islã: Dez Formas de Respondê-los

Peter Riddell é Reitor do Centro BCV de Estudos do Islamismo e Outras Religiões, em Melbourne, Austrália.

Meus dois artigos anteriores identificaram muitas características que definem o islã e seus seguidores no mundo moderno.1 Neste artigo, sugerirei dez formas (sem nenhuma ordem especial de importância) como os cristãos podem dar sua resposta ao islamismo.

  1. Os cristãos devem evitar os estereótipos com relação aos muçulmanos. Devem aprender sobre os diferentes grupos teológicos, sociais e políticos no islamismo. Por exemplo, enquanto alguns muçulmanos apoiam o Talibã, outros, como Kanan Makiya de Harvard, chama esses radicais de “Ku Klux Klan do Islamismo.”2 Além disso, homens de negócio que lidam com a Arábia Saudita devem negociar passagens da Lei Shari’a, enquanto que o Código Comercial do Kuwait é virtualmente idêntico ao do Ocidente.3 E enquanto o presidente do Irã Ahmadinejad murmura ameaças de morte contra Israel, o rei Abdullah da Jordânia está “ombro a ombro” com o Ocidente na luta contra o terrorismo.4 De setor a setor, as diferenças são marcantes.

  2. Dada a ausência de raízes profundas de tradições democráticas dentro dos países muçulmanos, os cristãos deveriam apoiar os esforços dos governos ocidentais e certos defensores dos muçulmanos e grupos dissidentes, tanto de dentro como de fora do mundo muçulmano, que tentam estabelecer sistemas políticos democráticos naqueles países. O grupo Irmãs Malaias no Islã é um dos casos: seu site mostra grande quantidade de material e iniciativas progressistas.5 A tarefa parece grande, mas os ventos da mudança democrática estão soprando através do Oriente Médio em resposta às pressões externas.

  3. Também consideramos a presença de centros de autoridade concorrentes no mundo muçulmano, como a Universidade Al-Azhar no Cairo, a liderança xiita no Irã, e eruditos individuais. A Igreja deveria estabelecer e manter contato direto com os centros em âmbito internacional e local que sejam mais abertos a instituições democráticas, tradições pluralistas e perspectivas não muçulmanas. Quando vozes como a corrente principal da Câmara Muçulmana na Grã-Bretanha se distanciarem do islamismo radical, os cristãos deverão agradecer-lhes como um início de conversão.6

  4. Alguns argumentam que as raízes do islamismo radical se encontram nas políticas estrangeiras do Ocidente, enquanto que outros defendem que estas estão no conteúdo da sagrada escritura islâmica e na abordagem literal dela pelos eruditos muçulmanos radicais. Os cristãos deveriam se manifestar corajosamente em apoio ao último ponto de vista. O aumento do terror levado adiante por muçulmanos radicais em anos recentes é diretamente ligado a certas partes dos livros sagrados islâmicos: o Alcorão e a Hadith. Por exemplo, ao instar inimizade contra os E.U.A., o grupo militante al-Muhajiroun, cita a Sura 9.41 como sua justificativa.7 A culpa injusta para o Ocidente desvia a atenção da necessidade dos muçulmanos enfrentarem aquelas partes do seu texto sagrado que nutrem os radicais islâmicos.

  5. Uma característica central do islamismo radical é sua chamada implementação ampla da Lei Shari’a islâmica encontrada em todo o mundo muçulmano, demonstrada especialmente pelo Talibã no Afeganistão. Os cristãos deveriam ler sobre a disseminação de mais expressões extremas desta lei em muitas partes do mundo muçulmano e apoiar aqueles que tentam resistir a ela.8 Entre os que estão nas linhas de batalha, estão os cristãos no sul da Nigéria, alarmados com a crescente cultura muçulmana militante no norte.9

  6. Também nos referimos à modernização dos muçulmanos, em termos de sua resposta ao radicalismo islâmico e sua abordagem mais racionalista à leitura dos textos sagrados. Os cristãos deveriam incentivar os muçulmanos modernistas a articular uma abordagem mais autocrítica a seus textos, a irem além do mantra “o islã é uma religião de paz”. Irshad Manji, do Canadá, autor de The Trouble with Islam Today (O Problema com o Islamismo Atual) é um desses reformadores corajosos.10

  7. Os cristãos devem responder aos generalizados estereótipos negativos em relação ao Ocidente, ao cristianismo e ao judaísmo em muitos setores da mídia muçulmana internacional e local, bem como em seus materiais didáticos. Alguma atenção tem sido dada a este problema, embora seja eventual e insuficiente.11 Enquanto os países ocidentais estão sob pressão autoimposta para minimizar os estereótipos negativos do islamismo e dos muçulmanos,12 países muçulmanos estão fazendo pouco para enfrentar suas próprias atitudes negativas com relação aos não muçulmanos. As reivindicações mais ultrajantes circulam livremente – como a que os homens ocidentais ficam felizes por suas esposas serem strippers e prostitutas13 e que os judeus planejaram os ataques de 11 de setembro.14 Os cristãos podem agir ao discutir calúnias com seus contatos muçulmanos, apoiando os grupos que estão ativos nesta área e incentivando políticos a resolverem a questão. E crentes também podem mostrar as muitas contribuições tecnológicas e medicinais que o Ocidente tem introduzido na cultura muçulmana.

  8. Os cristãos no Ocidente devem sair em defesa ativa e enérgica, em nome de seus companheiros que sofrem discriminação e perseguição em locais de maioria muçulmana. Podem fazê-lo se pronunciando individualmente bem como apoiando aquelas organizações de defesa que lutam nesta área como, por exemplo, a International Christian Concern (www.persecution.org). As minorias cristãs não devem se sentir abandonadas ao sofrerem discriminação e perseguição em terras muçulmanas.

  9. Guetos muçulmanos em países cristãos (por exemplo, em Leicester, Birminghan e Bradford, na Inglaterra)15 tendem a alimentar atitudes e práticas que não seriam aceitáveis entre a maioria, por exemplo, o trato a mulheres, atitudes e intimidação de não muçulmanos, opiniões políticas xenofóbicas. Os cristãos têm o dever de contestar tais valores e práticas e não devem aceitar a cultura do 'politicamente correto' que protege grupos minoritários de serem sujeitos ao escrutínio crítico.

  10. Também em função do crescimento de comunidades muçulmanas fechadas no Ocidente, os cristãos devem estar dispostos a entrar em debates sobre imigração afirmando a importância de acolher o estrangeiro enquanto que, ao mesmo tempo, argumentando sobre políticas de imigração que contribuam e não prejudiquem a coesão social. Para que isso ocorra, as políticas não devem certamente ser baseadas em fatores étnicos. No entanto, deveriam levar em conta as diferentes misturas de ideologias, incluindo religiões que, se tratadas cuidadosamente, possam resultar em maiores conflitos sectários como o visto recentemente na França e na Austrália.16

Os cristãos deveriam estar prontos para dialogar com os muçulmanos em diversas formas, em reconhecimento aos diversos dons e habilidades dos cristãos e à considerável diversidade entre muçulmanos. Assim, deveria haver espaço no compromisso para diálogo entre cristãos e muçulmanos de várias formas, apologética e debates, bem como evangelismo e missões. No processo, os cristãos deveriam construir pontes com muçulmanos em que valores e atitudes sejam compartilhados, especialmente em assuntos de ética como pornografia, promiscuidade e homossexualidade. As iniciativas de diálogo deveriam ser apoiadas `a medida que permitirem um genuíno compromisso bidirecional e crítico de ambas as religiões, não somente do cristianismo.

O compromisso cristão com os muçulmanos deveria ser realizado sem arrogância, mas com confiança, refletindo o próprio compromisso de Cristo com pessoas dos mais diversos contextos.

Notas de Rodapé:
1

Veja as Partes IV e V desta série, "Muçulmanos Olhando para Dentro: Questões em Debate Entre Muçulmanos" e "Muçulmanos Olhando para Fora: Atitudes com Relação aos Não Muçulmanos."

2

Kanan Makiya, “Fighting Islam’s Ku Klux Klan,” The Observer (London), October 7, 2001, quoted in Peter G. Riddell and Peter Cotterell, Islam in Context: Past, Present, and Future (Grand Rapids: Baker, 2003), 190. Tradução livre.

3

William Ballantyne, quoted in Norman Anderson, Islam in the Modern World: A Christian Perspective (Leicester: Apollo, 1990), 113. Tradução livre.

4

Riddell and Cotterell, 187.

5

Considere, por exemplo as postagens no site das Irmãs no Islã, http://www.sistersinislam.org.my/wn_research.htm (acessado em 13 de fevereiro de 2006). Tradução livre.

6

Riddell and Cotterell, 185.

7

Ibid., 165-166.

8

Cf. Paul Marshall, ed. Radical Islam’s Rules: The Worldwide Spread of Extreme Shari’a Law (Lanham, MD: Rowman & Littlefield, 2005). Tradução livre.

9

Dan Isaacs, “Islam in Nigeria: Simmering Tensions,” BBC News Website, September 24, 2003, http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/africa/3155279.stm (acessado em 13 de fevereiro de 2006). Tradução livre.

10

Irshad Manji, The Trouble with Islam Today: A Muslim’s Call for Reform in Her Faith (New York: St. Martin’s Griffin, 2003). Tradução livre.

11

Veja, por exemplo, The Westophobia Report: Anti-Western and Anti-Christian Stereotyping in British Muslim Publications, Centre for Islamic Studies, London Bible College, 1999; and “Saudi Government Must Eradicate Hate Rhetoric in Textbooks,” Senator Schumer: Official Senate Website, March 4, 2003, http://schumer.senate.gov/SchumerWebsite/pressroom/press_releases/PR01526.html (acessado em 13 de fevereiro de 2006). Tradução livre.

12

Veja o relatório do Conselho Americano de Livros Didáticos, Gilbert Sewall, “Islam and the Textbooks,” American Textbook Council, February 2003, http://www.historytextbooks.org/islam.htm (acessado em 13 de fevereiro de 2006). Tradução livre.

13

Riddell and Cotterell, 159.

14

Ibid., 161-162.

15

Jan Jun, “U.K.: Asian Muslim Ghettos Keep Growing, Hindering Integration,” Radio Free Europe/Radio Liberty Website, September 12, 2005, http://www.rferl.org/featuresarticle/2005/09/2c5422de-c656-4b0d-879b-b30370a07b07.html (acessado em 13 de fevereiro de 2006). Tradução livre.

16

Cf. Peter Riddell, “France Is Still Right about Race Integration,” Church Times Website, http://www.churchtimes.co.uk/churchtimes/website/pages.nsf/httppublicpages/8BA9F40A97702495802570BB00545143; and Peter Riddell, “Religion, Not Just Race, Stirs, the Riots,” Church Times Website, http://www.churchtimes.co.uk/churchtimes/website/pages.nsf/httppublicpages/813C76E1B08EB5A8802570DE003A6972 (acessado em 13 de fevereiro de 2006). Tradução livre.