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Acervo da Revista Kairos

Mensagens Oportunas de Convidados Honrados

A Europa Ocidental nas Barricadas
Herbert London é presidente do Hudson Institute, eminente pensador em políticas públicas, e editor da American Outlook. Seu livro mais recente é Decade of Denial: A Snapshot of America in the 1990s (Lenham, MD: Lexington Books, 2001).

Em uma recente conferência na Suíça, representantes de estudantes perguntaram como a população muçulmana progredia tão rapidamente na Europa Ocidental. É uma pergunta simples e direta que poderia facilmente ser tratada com referência à disparidade entre as taxas de nascimento e os padrões de imigração entre os cristãos e os muçulmanos.

Mas os números não contam toda a história, nem estes números revelam muito sobre as atitudes europeias. Há fundamentos filosóficos que revelam mais do que qualquer análise estatística possa proporcionar.

O primeiro é o multiculturalismo, uma atitude que sugere que cada cultura deveria ser tratada em seus próprios termos, sem levar em conta as considerações universais. Assim, por exemplo, a deformação das mulheres na forma da circuncisão feminina (extração do clitóris) não seria errada; seria simplesmente a manifestação de uma cultura diferente.

A segunda, e comprovadamente a visão que representa a mudança mais significativa nas atitudes europeias, é o humanismo secular, um desvio do espiritual para o temporal. As igrejas europeias na atualidade são aparentemente museus, e não locais de adoração. Os ensinamentos morais do cristianismo têm sido amplamente enterrados, substituídos pelo relativismo ou pelo fenômeno da “nova era”, como o ambientalismo panteísta.

A terceira mudança em atitude pode ser caracterizada como liberalismo extremo. Nesse caso, as virtudes do liberalismo como tolerância têm sido pervertidas em uma falta de disposição para discriminar. O certo e o errado são vistos como conceitos arcaicos que pertencem às cinzas da história. O que vale é a abertura, uma forma estranha de igualitarismo no qual todas as opiniões têm valor igual, se submetidas seriamente.

A quarta consideração de atitude é o trans-nacionalismo. Um projeto para reduzir ou eliminar a herança nacional dos Estados europeus através da harmonização continental tem surtido um efeito não intencional de deixar os cidadãos à deriva, resultando na perda da identidade e no desarraigamento1 do patriotismo. Os burocratas em Bruxelas representam a vontade do povo europeu? E pode um parlamento continental confiar no consentimento dos governados ou até mesmo se preocupar com esses governados? As respostas fogem à questão.

Por último, a perda da confiança. O retrocesso do ensinamento apostólico tem resultado em uma ausência de autoridade. O catolicismo está em retrocesso, não somente como uma religião, mas como voz da convicção moral.

Do outro lado da razão europeia ocidental, está o islamismo, uma fé fanática com um desejo obsessivo de controle e conversão. Utilizando-se das liberdades conferidas pelos Estados europeus, os muçulmanos empregam forte convicção e intimidação física ao promover sua fé. Suas mesquitas não são meramente centros de observação religiosa, mas centros políticos de subversão. Qualquer tentativa em interferir nessas atividades é considerada uma afronta, uma violação dos preceitos liberais. Como consequência, os governos mostram-se sem poder, incapazes de interferir. Os eruditos são intimidados se não compartilharem do igualitarismo entre religiões, e figuras religiosas não ousam criticar, temerosos de serem acusados de fanatismo.

A marcha para a dominação, portanto, parece inexorável, a menos que as sociedades europeias ocidentais possam recuperar suas tradições e convicções que levaram à dominação cristã, em primeiro lugar. Não se pode derrotar um adversário implacável com alimento verbal.

A Europa Ocidental precisa afirmar suas tradições e liberdades, mas, mais importante, deveria insistir que suas ideias básicas sejam absorvidas por todos os cidadãos. Bolsões culturais isolados removidos das posições dominantes das sociedades não o farão. O liberalismo deveria assegurar a liberdade, mas não a liberdade para destruir.

Além disso, os governos europeus ocidentais deveriam exigir a reciprocidade dos Estados muçulmanos. A liberdade que estes gozam na Europa não deveria ser a liberdade negada às comunidades minoritárias nos Estados muçulmanos, o que é o caso atualmente por todo o mundo islâmico.

Os muçulmanos europeus sentem que a Europa está em modo defensivo como sugere a atual atitude dominante. Portanto, há um salto para uma solução final, os califados por todo o continente. É amplamente sabido que o vácuo de uma Europa sem alma será preenchido com um islamismo de vontade e fanatismo determinados.

Não pode haver nenhuma dúvida neste ponto sobre o que está em jogo. A questão é de sobrevivência da civilização. O antídoto para a marcha do islamismo é a re-cristianização da Europa através de um grande despertamento. Existe algum John Wesley ou um William Wilberforce moderno, ansioso por liderar essa luta? Está a História do lado do fanatismo? Pode a guerra de ideias ser engajada por uma série de exemplares de doutrina cristã? E a tendência das atitudes tem roubado da Europa ocidental o coração corajoso e desafiador tão necessário?

Notas de Rodapé:
1

Remover pela raiz.